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“Fazer Investigação em Moçambique é Desafiador”

 

- Afirma Profª. Doutora Tufária Mussá

TufariaLicenciada em Medicina Veterinária pela Universidade Eduardo Mondlane, Mestre e Doutorada em Imunologia pela Universidade Autónoma de Barcelona, Tufária Mussá é docente, investigadora e Directora para Investigação e Extensão na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane.
Na conversa cujos excertos passamos a transcrever, Tufária Mussá fala dos desafios práticos da investigação em Moçambique, especialmente no sector da saúde, destacando a contribuição da Universidade Eduardo Mondlane e descrevendo o perfil de um bom investigador.

Doutora, se é que existe, qual é o perfil de um bom investigador?

Para mim, um bom investigador tem que ser uma pessoa que é carismática; tem que ser empático para poder deixar outras pessoas se aproximarem. Tem que ter a capacidade de liderar, no sentido de ter um grupo onde todos podem ter oportunidade de falar, de expor as suas ideias e de contribuir para o desenvolvimento do grupo.
É verdade que um investigador sempre se mede pelo número de publicações que faz, mas há gente que faz muito e não pública e, apesar disso, o impacto do seu trabalho é visto pelo seu entorno, pela contribuição que deixa, seja na formação dos estudantes nas políticas de saúde ou em outras áreas afins.

Como avalia a investigação em Moçambique e a contribuição da Universidade Eduardo Mondlane, em particular?

Moçambique é vasto. Temos muitas escolas de ensino superior, muitas universidades, mas a UEM como Universidade-mãe, tem feito muito e há muito tempo. Eu até arriscar-me-ia a dizer que parte do desenvolvimento que nós observamos em Moçambique é resultado da contribuição da UEM, pois esta abrange diferentes áreas e é de qualidade, o que tem ajudado a contribuir no bem-estar do povo moçambicano e no desenvolvimento do país.
Em termos de investigação, a UEM está num bom caminho, apesar de haver ainda muitos desafios que poderão ser paulatinamente melhorados para ajudar a alcançar aquilo que é a nossa actual missão, a de sermos uma Universidade de excelência na investigação.

Muitas vezes, as pessoas dizem que não vêm os resultados da investigação em Moçambique. Pode nos dar alguns exemplos concretos da contribuição em termos de investigação da Universidade Eduardo Mondlane?
A UEM, como Instituição, tem colaborado com várias outras instituições que trabalham em saúde e este contributo tem incorporado naquilo que é o desenvolvimento do país na área de saúde.
A UEM colabora por exemplo, nos programas de controlo de doenças do Ministério da Saúde, sejam eles de controlo da tuberculose, Malária, HIV, Nutrição, entre outros. Veja, por exemplo, que docentes e investigadores da UEM estiveram envolvidos no desenvolvimento da vacina contra a Malária, através do Centro de Investigação em Saúde da Manhiça, em que somos patronos.
Em colaboração com o Instituto, pudemos demostrar qual era a tendência, por exemplo, da circulação de um dos vírus respiratórios mais importantes em crianças, que é o vírus sincicial respiratório, que afecta maioritariamente crianças menores de 2 anos, e com isso foi possível informar através de publicações científicas. E a Organização Mundial da Saúde propôs-nos que fizéssemos um estudo mais profundo e, se calhar, decidir a introdução de uma vacina. Em suma, a UEM contribui, através da participação de seus docentes e investigadores, nos achados mais importantes para informar as políticas de saúde no país.

A UEM está a firmar-se cada vez mais como uma Universidade de Investigação. Qual é o conselho que daria aos mais jovens estudantes para entrarem no campo da investigação?

Nós como UEM temos que criar mecanismos de atracção dos jovens, aqueles melhores estudantes de todas as turmas.
Aquele estudante que mostra interesse, pode ser acolhido e orientado e poder ser guiado para contribuir.
É preciso criar mecanismos de, por exemplo oferecer bolsas de iniciação científica e alocar algum subsídio ao grupo que vai acolher tal estudante.
Mas também, dentro dos grupos de investigação, temos que aprender a ouvir e deixar os jovens expressarem as suas ideias e, também, temos que ensinar e dar-lhes esse espaço para poderem se expressar, isto é, não terem receio de falar.

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